domingo, 28 de janeiro de 2018

O Fascismo Clerical e Seus Respectivos Chefes


Vamos tratar, nesta postagem, o "fascismo clerical" em si como algo genérico que engloba muitos outros pensamentos que possuem sua individualidade (como o varguismo, falangismo, rexismo, legionarismo, peronismo e dentre outros) e trataremos cada um como uma forma de fascismo, por mais que as vezes eles se distanciem do pensamento original de Mussolini (justamente por serem baseados na fé católica), basicamente, os movimentos nacionalistas do século XX.


Falangismo: 
Jose Antonio Primo de Rivera

Começaremos com o movimento da Falange Espanhola. Criada em 1933 por Jose Antonio Primo de Rivera, fora um movimento de forte base nacionalista que visava o anti-imperialismo, nacional-desenvolvimentismo e adotava o sistema genericamente conhecido de "Fascismo Clerical" onde une os pensamentos clássicos do nacionalismo com a moral e tradição do catolicismo. Leia abaixo seu manifesto "Os 26 Pontos da Falange Espanhola": 

I. Nós acreditamos na suprema realidade da Espanha. O seu fortalecimento, sua elevação e engrandecimento são os objetivos coletivos urgentes de todo espanhol. O cumprimento destes objetivos devem ter implacável prioridade sobre todos os interesses individuais, de grupos ou classes.
II. A Espanha é um destino indivisível em termos universais. Qualquer plano que vá contra este todo indivisível é repulsivo. Todas as formas de separatismo são crimes que nós não devemos esquecer. A constituição em vigor, que até aqui só fomentou a desintegração, ofende a natureza indivisível do destino da Espanha. Nós, portanto, insistimos que ela precisa ser repelida imediatamente.
III. Nós estamos comprometidos com o Império. Nós declaramos que o cumprimento histórico da Espanha é o Império. Nós exigimos que a Espanha tenha uma posição proeminente  na Europa. Nós não iremos tolerar nem isolamento internacional nem interferência estrangeira. No que diz respeito aos países da América Espanhola, nosso objetivo é a unificação da cultura, dos interesses econômicos e do poder. A Espanha reitera o fato de ser o eixo espiritual de todo os países falantes do Espanhol por conta de sua predominância nos interesses mundiais.
IV. Nossas forças armadas — na terra, no mar ou no ar — devem ser suficientemente fortes e eficientes para  assegurar a total independência e a posição no mundo da Espanha em qualquer momento. Nós daremos de volta a terra, ao mar e o ar forças com toda a dignidade pública que merecem e nós faremos com que uma perspectiva marcial permeie toda a vida da Espanha em sua imagem.
V. A Espanha irá procurar novamente por rotas marítimas para sua glória e sua riqueza. A Espanha deve ter como objetivo tornar-se um grande poder marítimo, para tempos de perigos e para o comércio.
Nós exigimos que a Pátria tenha para as rotas aéreas o mesmo que as marítimas.
O ESTADO. O INDIVÍDUO. LIBERDADE.
VI. Teremos um Estado Totalitário à serviço da integridade da Pátria. Todo espanhol deve, portanto, tomar parte disto através da família, municipalidades e sindicatos.  Ninguém deverá tomar parte disto por um partido político. O sistema de partidos políticos será abolido, juntamente com todos os seus corolários: sufrágio inorgânico, representação por facções conflitantes e as Cortes como as conhecemos.
VII. A dignidade humana, a integridade do indivíduo e a liberdade individual são valores eternos e intangíveis. Porém, a única forma de ser realmente livre é fazendo parte de uma Nação forte e livre. Ninguém terá permissão de empregar sua liberdade contra a unidade, a força e a liberdade da Pátria. Uma disciplina rigorosa irá prevenir qualquer tentativa de envenenar ou quebrar o povo espanhol ou incitá-lo a ir contra o destino da Pátria.
VIII. O Estado Nacional-Sindicalista permitirá qualquer iniciativa privada que seja compatível com os interesses coletivos e de fato a protegerá e estimular os que forem particularmente benéficos.
A ECONOMIA. TRABALHO. O CONFLITO DE CLASSES.
IX. Na esfera econômica, pensamos na Espanha como um grande sindicato para todos aqueles engajados na produção. Nós organizaremos a sociedade espanhola através de noções corporativas, através de um sistema vertical de uniões que representarão vários ramos da produção, em serviço da integridade econômica nacional.
X. Rejeitamos o sistema capitalista, que despreza as necessidades do povo, desumaniza a propriedade privada e transforma os trabalhadores em massas deformadas entregues à miséria e o desespero. Nossa consciência espiritual e nacional também rejeita o Marxismo. Nós daremos uma direção aos impulsos da classe trabalhadora, nestes dias desguiada pelo Marxismo, e exigiremos a sua direta participação no formidável objetivo do Estado Nacional.
XI. O Estado Nacional-Sindicalista não irá permanecer cruelmente neutro em relação aos conflitos econômicos entre os homens, nem irá olhar passivamente enquanto uma classe mais forte subjuga a outra mais fraca. Nosso regime fará o conflito de classes impossível, pois todos aqueles que estarão em cooperação pela produção constituirão juntos um todo orgânico. Nós rejeitamos e iremos a todo custo prevenir os abusos de interesses parciais bem como a anarquia no sistema trabalhista.
XII. O objetivo principal da riqueza é causar uma melhora nos padrões de vida de todas as pessoas — e isto será declarado como política do nosso Estado. É intolerável que grandes massas de pessoas vivam na pobreza, enquanto alguns poucos aproveitam todo o luxo.
XIII. O Estado irá reconhecer a propriedade privada como um meio válido de chegar a fins individuais, familiares e sociais e irá protegê-la contra os abusos da Alta Finança, dos especuladores e usurários.
XIV. Nós somos a favor da nacionalização do sistema bancário e a tomada dos principais serviços públicos por corporações públicas.
XV. Todo cidadão espanhol está intitulado ao emprego. As instituições públicas providenciarão o bem-estar aos que estiverem involuntariamente fora do trabalho. Enquanto estamos indo em direção a uma estrutura totalmente nova, nós iremos manter e intensificar todas as vantagens que os trabalhadores têm na atual legislação social.
XVI. Todo espanhol que não estiver inválido tem o dever de trabalhar. O Estado Nacional-Sindicalista não terá a menor simpatia para aqueles que não estiverem cumprindo nenhuma função além de esperar viver como um convidado às custas dos esforços das outras pessoas.
A TERRA.
XVII. Nós devemos a todo custo melhorar o padrão de vida nas áreas rurais, onde a Espanha sempre irá depender para a sua comida. Por esta razão nós nos comprometemos a uma estrita implementação de uma reforma econômica e social na agricultura.
XVIII. Nós iremos fortalecer a produção da agricultura (reforma econômica) através das seguintes medidas:
Garantindo ao agricultor um preço mínimo adequado para a sua produção. Fazendo com que muito do que é hoje absorvido pelas cidades, em pagamento pelos seus serviços comerciais e intelectuais, tenha um retorno para a agricultura, para auxiliar as áreas rurais suficientemente. Organizando um sistema real de crédito nacional para a agricultura que irá fazer empréstimos a baixos níveis de juros aos agricultores, livrando-os da usura e patronagem. Fomentando a educação referente a agricultura e criação de animais. Racionalizando a produção de acordo com o que for adequado para a terra e seus produtos. Promovendo uma política protecionista de tarifas cobrindo a agricultura e criação de gado. Acelerando a construção de redes hidráulicas. Racionalizando o tamanho de holdings, com a eliminação de vastas propriedades que não sejam aproveitadas totalmente.
XIX. Nós iremos atingir a organização social da agricultura através das seguintes medidas:
Redistribuindo toda a terra arável de forma a promover os negócios familiares e dando aos agricultores todo o encorajamento para juntarem-se à união. Resgatando as massas de pessoas, que estão exaustas de cavar o solo estéril, da sua pobreza presente e transferindo-as para novas propriedades de terra arável.
XX. Iremos lançar uma incansável campanha de reflorestamento e criação de animais, impondo sanções severas em quem obstrui-la e até mesmo recorrer a uma mobilização obrigatória de toda a juventude espanhola para o objetivo
histórico de reconstrução da riqueza do país.
XXI. O Estado terá o poder de confiscar, sem compensações, qualquer terreno que tiver sido adquirido ilicitamente.
XXII. Será um dos objetivos principais do Estado Nacional-Sindicalista dar de volta para as vilas as suas propriedades comunais.
EDUCAÇÃO. RELIGIÃO.
XXIII. É uma missão fundamental do Estado impor uma rigorosa disciplina na Educação, para produzir forte espírito nacional que preencherá as almas das futuras gerações com um ativo orgulho pela Pátria. Todos os homens receberão treinamento pré-militar para prepará-los para a honra da admissão às forças armadas populares da Espanha.
XXIV. A Cultura será organizada de forma que nenhum talento será desperdiçado por falta de financiamento. Todos os que merecerem terão fácil acesso até mesmo ao ensino superior.
XXV. O Nosso movimento integra a religião Católica — tradicionalmente gloriosa e predominante na Espanha — no programa de reconstrução nacional. A Igreja e o Estado concordarão na delimitação de suas respectivas esferas, o que significa que interferências da Igreja não serão toleradas nem qualquer atividade que possa minar a dignidade do Estado ou a integridade da Nação



Ao deflagrar da Guerra Civil Espanhola em 1936 a Falange se comprometeu com o lado nacionalista com as forças de Portugal (Viriatos de Salazar), Alemanha (Legião Condor), Itália (Corpo Truppe Volontarie) e por fim milicianos da própria Espanha tendo como principal líder Francisco Franco. Tendo a guerra se encerrado e Franco saindo vitorioso o partido da Falange se tornou o partido oficial de Franco e da Espanha em si. 

Após a morte de Franco em 1977, houve apenas mais um político que fazia parte da Falange, seu nome era Adolfo Suárez, mas após a morte do primeiro o partido fora proibido de atuar oficialmente, tanto que no mesmo ano de 1977 ele mudou de partido indo para a Unión de Centro Democrática onde ficou até o fim de seu mandato no de 1981.

Hinos:
Ya Hemos Passao: https://www.youtube.com/watch?v=vhfZOH7pmEw
Cara Al Sol: https://www.youtube.com/watch?v=1K9ZPV_OkoI

Rexismo: 
Léon Marie Joseph Ignace Degrelle
O Partido Rexista foi criado no ano de 1935 na Bélgica por Léon Degrelle. Seu nome vem do termo "Christus Rex" (Cristo Rei, em latim) que visava a restauração da monarquia belga. O Partido tinha como base o já citado Fascismo Clerical, baseando sua doutrina na defesa da tradição e adotando a ideologia terceirista de ser contra o marxismo e o capitalismo. Em 1940 a Alemanha invade a Bélgica e os rexistas dão total apoio ao nazistas, por mais que alguns do partido tenham se afastado do partido por "medo" do nazismo. Os rexistas enviaram uma milícia de apoio à Wehrmacht chamada Legião Valônia.

Ao fim da guerra Léon Degrelle foi condenado a morte, mas refugiou-se na Espanha e foi acolhido pelo regime franquista, vários pedidos de deportação foram enviados a Espanha e todos foram negados, então Léon viveu até o final de sua vida em 1994 na cidade de Málaga.

Legionarismo:
Corneliu Zelea Codreanu

A milícia de Corneliu chamada Guarda de Ferro era de origem romena criada em 1927 com o mesmo pensamento do fascismo clerical, mas com um diferencial, que é o que eles mais se diferenciavam que era que eles não se importavam com a morte e em momentos até enalteciam a mesma se fosse em prol da pátria.

O movimento surgiu com o nome de Legião de São Miguel Arcanjo e em 1930 Corneliu fundou a milícia do movimento chamada de Guarda de Ferro que atuou, tal como o movimento, até a morte de Corneliu em 1938.


Seus princípios morais e éticos vinham da Igreja Ortodoxa Romena de onde tiravam suas inspirações e maior parte de seus ideais, como o anti-semitismo e a questão de morrer pela pátria. Abaixo eu coloco os seis princípios do legionário ou "Seis Leis Fundamentais":
I - A LEI DA DISCIPLINA: Sê legionário disciplinado, que só deste modo sairás vitorioso. Segue ao teu chefe na boa como na má fortuna.
II - A LEI DO TRABALHO: Trabalha. Trabalha cada dia. Trabalha com amor. Que a recompensa do trabalho não seja a ganância e sim a satisfação de ter posto um tijolo para glória da Legião e florescimento da pátria.
III - A LEI DO SILÊNCIO: Fala pouco. Fala quando seja necessário, quanto seja necessário. Tua oratória é a oratória da ação. Tua obra, deixa que sejam os outros que a comentem.
IV - A LEI DA EDUCAÇÃO: Deves converter-te em outro, em herói. Conhece bem a Legião.
V - A LEI DA AJUDA RECÍPROCA: Ajuda ao irmão a quem tenha ocorrido uma desgraça. Não o abandones.
VI - A LEI DA HONRA: Caminha somente pela via da honra. Luta e nunca sejas vil. Deixa aos outros as vias da infâmia. Antes que vencer por meio de uma infâmia, melhor cair lutando sobre o caminho da honra.

Hinos:

Imnul Legionarilor Cazuti: https://www.youtube.com/watch?v=LC_dzaI5U6I

Meia Hora de Canções do Legionarismo: https://www.youtube.com/watch?v=ZRt8BiJYo98&t=680s


Sinarquismo:
José Antonio Urquiza

O movimento sinarquista foi criado no México no ano de 1937 por José Antonio Urquiza (assassinado em Abril do ano seguinte) e Juan Ignacio Padilla. Vendo a ascenção e o êxito no terceirismo e no fascismo clerical em vigor na Europa, ambos os homens se viram na necessidade de resgatar os valores da pátria mexicana. No ano de 1946 fora fundado o braço eleitoral do movimento sinarquista, o Partido Fuerza Popular, este que foi considerado ilegal no mandato do presidente Lázaro Cárdenas Del Río e só teve duração até o ano de 1948.


Após serem criminalizados, os membros do movimento continuaram suas atividades fazem caridade a pessoas carentes, trabalhos sociais com indígenas e estudos com jovens. O ideal do partido renasceu no ano de 1970 com os mesmos ideais. Com as eleições presidenciais de 1982 o Partido Demócrata Mexicano (herdeiro político do Fuerza Popular) indicou Ignacio González Gollaz como candidato, este que teve 1,8% dos votos.



Integralismo:
Plínio Salgado

O movimento integralista foi fundado oficialmente no ano de 1932 com a publicação do Manifesto de Outubro. Após a instauração do regime do Estado Novo Varguista, Plínio declarou um apoio momentâneo à Washington Luís, mas ao ver os planos do regime recém instaurado declara apoio à Vargas. Quando redator do jornal "A Razão" declarava apoio ao regime varguista, o que ocasionou a ira dos que iam contra o regime e na Revolta Constitucionalista de 1932 fora ateado fogo na sede editorial do jornal.

Posso deixar para vocês um link muito importante para entendimento do integralismo atual e antigo: http://www.integralismo.org.br/

Leia os manifestos integralistas aqui

Hinos:


Por hoje o texto é apenas esse, hei de pesquisar mais líderes e movimentos fascistas tradicionalistas para trazer.

 Deus abençoe a nossa nação brasileira!

Um comentário: